domingo, 16 de maio de 2010

A Criatura

As nuvens estão negras e ameaçando uma briga que ficará marcada na vida de todos os habitantes de Cautausha.

O trovão solta seu primeiro estrondo e a tempestade começa; o clima está condizente com a sórdida batalha que se apruma.
A rua fica cada vez mais escura e a tempestade se intensifica, como se ela soubesse exatamente o que iria se suceder.
De repente, ao som de um grito devastador, forma-se a sombra de um ser incomum aos habitantes daquele reino, algo que toma forma e se avoluma a cada intervalo durante aquela fúria dos céus. Poucos ousam encarar tal criatura, e os que se arriscam acabam-se em tremores convulsivos.
Via-se crianças espionando pelas suas janelas, tentando observar, mesmo com uma luz precária. Qual era o objetivo daquela criatura de feições indecifráveis que caminhava lentamente? Desconhecido e estranhamente soturno, vagueia à sua velocidade. Não se mostra e não parece se esforçar para tal; simplesmente aparece, indiferente ao ambiente que passa. O murmúrio das folhagens é o único som que se escuta, além das passadas delicadas da criatura.
Ela aproxima-se das casas cada vez mais, chegando perto, mas nunca tocando-as.
Finalmente, uma das crianças, assustada, gritou de sua janela: "O que você faz aqui?".